domingo, 27 de dezembro de 2009

História de pescador


O meu castelo de areia
onde morava uma princesa triste
veio o vento forte do mar
e o desmoronou em simples e fúteis grãos

Os peixinhos começaram a voar
batendo as nadadeiras sem parar
E eu não quiz, não quiz acreditar
quando uma sereia veio me contar

Que tudo estava ao contrário 
que tudo estava sem espaço
e fora do lugar

Foi quando eu te vi
caminhando na beira do mar
e eu te vi, eu te vi chorar
e não quiz lhe assustar
com essas histórias de pescador
Eu só quiz lhe mostrar
como é simples e infinito
o meu amor.

Ação




Me leve
me pegue
me diga
belisca
me deixe
se queixe
queres isso?
queres aquilo?
quero nada
me ouça
me fale
se cale
me beija
sim, seja
me corte
me pique
em mil pedaços
milhões deles
me abrace
me cheire
cultive
sorria
me deite
não saia
me levante
sempre em frente
avante
constante
não diga
não minta
omita
não me deixe chorar
não se faça sofrer
rabisque
escreva
tatue
eu digo
não diga
me diga
ele ama
vós amais
me ama
eu amo

você.

domingo, 18 de outubro de 2009

A Verdade.


Algumas coisas foram feitas para não serem amadas,

algumas cartas foram escritas para não serem enviadas,

alguns versos foram escritos para não serem lidos,

algumas músicas foram compostas para não serem tocadas,

algumas palavras foram ditas para não serem repetidas,

alguns postes foram feitos pra se manterem apagados,

alguns sonhos que se sonha para não serem concretizados.

Alguns dias para serem passados em branco,

alguns acontecimentos para serem esquecidos,

algumas roupas pra não serem lavadas,

alguns bilhetes pra serem perdidos.

De fato algumas coisas já nascem abortadas,

já nascem destruídas,

já nascem desesperançosas,

já nascem esquecidas,

já nascem para não dar certo. Nunca. 

A verdade deve ser dita

por mais que seja uma verdade doída.

Por mais que seja uma verdade transvestida,

encapuzada de mentira.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Acerca da cerca


A cerca da vida, não sei o que dizer.

Ela me prende, me sufoca, me bate, me engana.

Me chama de tola, me joga na lama.

A cerca da vida não é feita de aço, madeira ou barro.

É feita de sonhos, conversas, trabalho.

Acerca das coisas que me rodeiam, não sei o que dizer.

E por não saber, deixa assim, ficar sem porquê.

terça-feira, 28 de julho de 2009

De você, pra você




De todas as palavras ditas
guardei as mais bonitas

De todas as lágrimas
de nenhuma sinto saudade
Poderia bem ser de tristeza ou de felicidade
Mas lágrimas são lágrimas
E choradas, uma vez, já basta!

Das histórias tão compridas
resumi-as em cantigas
pra poder lembrar você

De você, o meu amor roubado
no seu coração para sempre guardado
Até ele morrer.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A menina.



E então foi-se ela toda contente pensando que estava tudo resolvido.

Olhou se não havia vestígios. Não, não havia. Poderia ir-se tranquilamente para casa. Nunca desconfiariam dela!

Ah, mas como ela não se continha de tamanha felicidade! A cada passo inventava uma nova canção ou se lembrava de versos de cantigas antigas, que sua avó Dedé cantava para fazê-la dormir. Mas era tão difícil, a voz de vó Dedé era muito bonita e as cantigas sempre com uma história que lhe interessava saber o final, ela tentava manter-se acordada, mas o balanço e o gingado que vó Dedé fazia com ela em seus braços era tão gostoso, tão tranquilo, e... sempre caia no sono. Mas quando acordava, logo de manhã bem cedo, enquanto a vó Dedé fazia o café ela pedia para que cantasse novamente.

Ah, mas cada passo que caminhava era uma vibrante alegria dentro do seu tão pequeno coração.
Ninguém nunca desconfiaria de uma menina tão educada de 7 anos, como ela. Nunca.

Passado três dias, João Henrique bate na porta e pede pra falar com a menina levada da casa.
O coração dela, despara. Seu plano tinha alguma falha. Ó não, haviam descoberto. Era a hora da verdade.

- Sinhazinha, esse laço de fita é da senhorinha? - João Henrique com as mãos um tanto que calejadas enfia-as no bolso a procura de algo, de repente estava lá, nas mãos do velho caseiro o seu laço de fita.

- É sim, muito obrigada. - Ela pega depressa seu laço e já vai dando as costas para que a conversa não alongue, mas João Henrique já abriu a boca e já falava.

- A senhorinha gosta muito dos animais, não é? Eu mesmo achava uma tolice ter aquele sabiá preso na gaiola. Foi bom a senhorinha tê-lo soltado mesmo. Eu nunca o faria. Sou moço velho, não penso em liberdade para os bichos... Nós, temos muito de aprender com crianças como você.

Os olhinhos da menina sorriram, sua boca sorriu. Seu corpo todo sorriu.

Razão.




O pensamento é lento, ele procura encontrar uma razão.
Uma razão para os últimos acontecimentos.
Tenta estancar o vazio de seu coração.
A vida é breve e sem sentido, sem sentido a solidão.
Do sorriso antes largo, hoje com um ar comprimido.

Ela deseja entendê-lo, entendê-lo enquanto há tempo.
Da vivência de poucos meses, a certeza de um princípio.

O que for será, não há como evitar.

Do teu sorriso o meu pranto desaparece.
O canto, as palavras, a noite esmorece.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Sobre a Vida...


Ela procurava se libertar da prisão que mesmo criara.
Sem perceber, com o passar dos anos, foi se atrofiando cada vez mais pra dentro de si e pra dentro de suas tarefas diárias.
Era todo dia a mesma coisa, as mesmas pessoas e as mesmas palavras.
Decidiu se divertir.
Comprou um pote de sorvete, sentou-se na frente da TV e foi assistir seu filme preferido, desde os tempos de mocidade.
Cláudia tinha 34 anos, era solteira e sozinha. Não tinha familiares, não tinha um amor, muito menos amigos.
Cláudia tinha medo da vida. Medo de se arriscar e sofrer.
Cláudia nunca pode ser feliz, pois não se atrevendo com a vida nunca soube o que era bom ou ruim. Nunca soube o que lhe tirava do solo e a fizesse voar nas nuvens como um querubim de alegria.
Simplesmente ficou parada no tempo esperando alguma coisa surpreendentemente boa lhe acontecer.
Talvez Cláudia nem saiba, mas de todas as vezes que ela teve o medo de prosseguir, a coisa surpreendentemente boa que ela espera tanto acontecer, lhe aconteceria.
Hoje Cláudia terá insônia novamente. E terá todas as noites, enquanto ela não acordar pra si mesma. Enquanto ela não acordar para a vida.
Independente do que lhe aconteceu no passado, Cláudia esqueceu-se ou nunca aprendeu que é o hoje que devemos viver...

terça-feira, 7 de julho de 2009

Poeminha de amor




A menina sonha com ele todos os dias,
ele é teu amor, tua paz, tua alegria.
A menina não pode deixar de vê-lo,
nem por um dia.

A menina não gosta de briga!
Gosta da sua saia comprida
e do olhar dele quando a fita...

A menina sonha muito,
de coisas boas a coisas tristes.
Um beijo do menino acalma tudo,
acalma o choro, acalma o mundo.

Um amor assim tão simples
é também muito forte.
A menina ama o menino
e o menino diz ter muita sorte.

Cada qual, seu Pascoal...





Era uma tarde de sexta-feira modorrenta, em que os alunos estão inquietos a espera do fim de semana que vem chegando e Seu Pascoal, professor, passava exercícios e mais exercícios de Matemática. Estatisticamente a matéria de Matemática é a mais odiada pelos alunos, é claro que sempre tem aquele do-contra que ama e tira nota boa em todas as provas. Enfim, os alunos se espriguiçavam por debaixo das cadeiras, estalavam os dedos, e alguns até cochilavam por alguns minutos, mas a cada bocejo, cada assobio, cada tentativa de espantar o sono trazia mais a áurea da preguiça para a sala de aula.

O Fernandinho era o mais popular, aquele menino que todas as menininhas da classe de aula gostam sabe? Aquele que tem o cabelo perfeito, o sorriso perfeito, as piadinhas perfeitas e os pais, como não poderiam ser diferentes tem um trabalho perfeito e podem dar tudo a um menino perfeito tornando-o mais perfeito. Como ele era a última coca-cola do deserto, não podia ser o contrário se não o mais atrevido de toda a escola, levantou-se e juntado seu material despertou a tenção de Seu Pascoal.

- Por acaso, seu Fernando Pacheco, onde pensas que vai? Se não enlouqueci, acho que ainda temos mais algumas horas de período escolar. - Seu Pascoal arrumou os óculos, já meio empenados e não obtendo nenhum tipo de resposta de Fernandinho, insistiu: - Ainda não me respondeste rapazinho, onde pensas que vais?

Fernandinho, olhou bem pra seu Pasccoal, coçou a cabeça e disse:

- Já ouviu falar de niilismo professor? Pois então. Eu sou niilista e não tenho que te responder.

Seu Pascoal, não entendeu nada, e subitamente emudeceu-se. Como um rapazinho de tão pouca idade poderia falar assim com ele? Oras... ele era o professor, ele deveria sim, por ordem naquele fuzuê (já que agora os outros alunos pararam de fazer os deveres e prestava atenção naquela discussão sem fundamento).

- Pois bem, Fernando. Vejamos. Para começar não estamos em aula de filosofia. Discutimos Matemática. Pra terminar em minha classe não há lugares para teimosias, trate de voltar a seu dever e deixe que os outros também faça. - Já era um tanto velhaco para discussões existencias e infantis. Estava exausto.

- Cada qual, seu Pascoal. - Fernandinho se encaminhava para a porta da sala.

- Cada qual o quê menino?! - Ele já passara dos limites, eles já passaram dos limites. Fernandinho de sua desobediência. Pascoal de sua paciência.

- Cada qual com seu pensamento. - O menino estava muito tranqüilo por assim dizer. E saiu da sala.

- Volta aqui seu menino teimoso! Eu não permiti que você saísse da sala assim!!!!!!!!!!!!!!!

Dona Judith, mãe de Fernandinho assustou-se com o professor berrando no meio do corredor.

- Devo alertar que este não é o tipo de comportamente que eu esperava do professor que meu filho Fernando fala tão bem. Mas ele deve ter seus motivos. Vim buscá-lo mais cedo, ele tem consulta marcada agora as 16:30h.

Depois de um soco no estômago, Seu Pascoal se envergonhou. Fernandinho saiu sorrindo e dando uma piscadela para o professor. Menino atrevido é assim mesmo , faz as pessoas passarem por cada coisa...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Adélia Apaixonada.




Adélia era uma mulata formosa, com poucos amigos e um coração enorme. Ajudava quem precisasse de ajuda e até quem não precisasse ela dava um jeito de melhorar a vida de alguém nem que fosse um mucadinho. Trabalhava das 7 as 5 na casa de Dona Filó e já tinha muito tempo, uns 7 anos mais ou menos, mais pra mais do que pra menos, trabalhava desde bem novinha, com uns 15 anos mais ou menos, mais pra menos que pra mais e já tinha se acostumado com aquela vida de sempre. Todo dia a mesma coisa, a mesma rotina rotineira.

Um dia Joana, amiga de infância de Adélia perguntou se ela não se cansava de viver sempre as mesmas coisas, sentir sempre os mesmos sentimentos, ouvir sempre as mesmas pessoas... Joana disse que Adélia já estava na hora de se apaixonar. "Deixa de falar abobrinha menina, eu lá tenho tempo pra namoro?", Adélia disse querendo parecer-se fria, mas os olhos de Adélia não mentiam jamais e Joana por conhecer Adélia de tantos carnavais soltou uma risada alegre, daquela guardada há muito tempo e disse em meio há tanta gargalhada: "Veja só , se minha irmãzinha de alma num tá de coração abobado. Cupido te pegou Adélia, te pegou de jeito!"

Era verdade, e Adélia não podia negar pra sua companheira de longa data seus sentimentos.
Então abrindo seu coração, confessou que o filho de Dona Filó tinha chegado da capital, já era doutor em Advocacia, tinha um futuro brilhante pela frente e que por causa disso, apesar de todo amor que ela sentia, ela sabia bem onde era o seu lugar. Joana atrevida como sempre não permitiu que a amiga se desanimasse e de repente Adélia estava em seu quarto e Joana escolhendo o vestido mais bonito para que ela usasse. Apesar da mulata formosa achar tudo aquilo uma perda de tempo ela se divertiu com Joana. E sonhou.