segunda-feira, 27 de julho de 2009

A menina.



E então foi-se ela toda contente pensando que estava tudo resolvido.

Olhou se não havia vestígios. Não, não havia. Poderia ir-se tranquilamente para casa. Nunca desconfiariam dela!

Ah, mas como ela não se continha de tamanha felicidade! A cada passo inventava uma nova canção ou se lembrava de versos de cantigas antigas, que sua avó Dedé cantava para fazê-la dormir. Mas era tão difícil, a voz de vó Dedé era muito bonita e as cantigas sempre com uma história que lhe interessava saber o final, ela tentava manter-se acordada, mas o balanço e o gingado que vó Dedé fazia com ela em seus braços era tão gostoso, tão tranquilo, e... sempre caia no sono. Mas quando acordava, logo de manhã bem cedo, enquanto a vó Dedé fazia o café ela pedia para que cantasse novamente.

Ah, mas cada passo que caminhava era uma vibrante alegria dentro do seu tão pequeno coração.
Ninguém nunca desconfiaria de uma menina tão educada de 7 anos, como ela. Nunca.

Passado três dias, João Henrique bate na porta e pede pra falar com a menina levada da casa.
O coração dela, despara. Seu plano tinha alguma falha. Ó não, haviam descoberto. Era a hora da verdade.

- Sinhazinha, esse laço de fita é da senhorinha? - João Henrique com as mãos um tanto que calejadas enfia-as no bolso a procura de algo, de repente estava lá, nas mãos do velho caseiro o seu laço de fita.

- É sim, muito obrigada. - Ela pega depressa seu laço e já vai dando as costas para que a conversa não alongue, mas João Henrique já abriu a boca e já falava.

- A senhorinha gosta muito dos animais, não é? Eu mesmo achava uma tolice ter aquele sabiá preso na gaiola. Foi bom a senhorinha tê-lo soltado mesmo. Eu nunca o faria. Sou moço velho, não penso em liberdade para os bichos... Nós, temos muito de aprender com crianças como você.

Os olhinhos da menina sorriram, sua boca sorriu. Seu corpo todo sorriu.

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