terça-feira, 7 de julho de 2009

Cada qual, seu Pascoal...





Era uma tarde de sexta-feira modorrenta, em que os alunos estão inquietos a espera do fim de semana que vem chegando e Seu Pascoal, professor, passava exercícios e mais exercícios de Matemática. Estatisticamente a matéria de Matemática é a mais odiada pelos alunos, é claro que sempre tem aquele do-contra que ama e tira nota boa em todas as provas. Enfim, os alunos se espriguiçavam por debaixo das cadeiras, estalavam os dedos, e alguns até cochilavam por alguns minutos, mas a cada bocejo, cada assobio, cada tentativa de espantar o sono trazia mais a áurea da preguiça para a sala de aula.

O Fernandinho era o mais popular, aquele menino que todas as menininhas da classe de aula gostam sabe? Aquele que tem o cabelo perfeito, o sorriso perfeito, as piadinhas perfeitas e os pais, como não poderiam ser diferentes tem um trabalho perfeito e podem dar tudo a um menino perfeito tornando-o mais perfeito. Como ele era a última coca-cola do deserto, não podia ser o contrário se não o mais atrevido de toda a escola, levantou-se e juntado seu material despertou a tenção de Seu Pascoal.

- Por acaso, seu Fernando Pacheco, onde pensas que vai? Se não enlouqueci, acho que ainda temos mais algumas horas de período escolar. - Seu Pascoal arrumou os óculos, já meio empenados e não obtendo nenhum tipo de resposta de Fernandinho, insistiu: - Ainda não me respondeste rapazinho, onde pensas que vais?

Fernandinho, olhou bem pra seu Pasccoal, coçou a cabeça e disse:

- Já ouviu falar de niilismo professor? Pois então. Eu sou niilista e não tenho que te responder.

Seu Pascoal, não entendeu nada, e subitamente emudeceu-se. Como um rapazinho de tão pouca idade poderia falar assim com ele? Oras... ele era o professor, ele deveria sim, por ordem naquele fuzuê (já que agora os outros alunos pararam de fazer os deveres e prestava atenção naquela discussão sem fundamento).

- Pois bem, Fernando. Vejamos. Para começar não estamos em aula de filosofia. Discutimos Matemática. Pra terminar em minha classe não há lugares para teimosias, trate de voltar a seu dever e deixe que os outros também faça. - Já era um tanto velhaco para discussões existencias e infantis. Estava exausto.

- Cada qual, seu Pascoal. - Fernandinho se encaminhava para a porta da sala.

- Cada qual o quê menino?! - Ele já passara dos limites, eles já passaram dos limites. Fernandinho de sua desobediência. Pascoal de sua paciência.

- Cada qual com seu pensamento. - O menino estava muito tranqüilo por assim dizer. E saiu da sala.

- Volta aqui seu menino teimoso! Eu não permiti que você saísse da sala assim!!!!!!!!!!!!!!!

Dona Judith, mãe de Fernandinho assustou-se com o professor berrando no meio do corredor.

- Devo alertar que este não é o tipo de comportamente que eu esperava do professor que meu filho Fernando fala tão bem. Mas ele deve ter seus motivos. Vim buscá-lo mais cedo, ele tem consulta marcada agora as 16:30h.

Depois de um soco no estômago, Seu Pascoal se envergonhou. Fernandinho saiu sorrindo e dando uma piscadela para o professor. Menino atrevido é assim mesmo , faz as pessoas passarem por cada coisa...

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