quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Diariamente


Houve um tempo, lá na minha infância, em que eu e as quinas de paredes, portas e armários éramos como dois ímãs um de pólo positivo e um de pólo negativo. Vivia cheia de hematomas roxos, verdes e amarelados. Era praticamente um carnaval em meio a minha canela.

Eu nunca fui de me machucar fisicamente, sempre cuidei tanto de mim, mesmo quando aprendi a andar, bem pequenina, eu já me cuidava. Aprendi a andar de patins em um ano, todas as garotinhas da rua com uma semana, resultado elas levam consigo cicatrizes por toda eternidade, e eu nem um arranhão.

Nunca quebrei dente, nem quebrei perna muito menos o braço.

Não sei se isso foi bom ou ruim, não sei se eu deveria ter brincado mais de terra e menos de escolinha, brincado mais de bicicleta e menos de escritório, brincar mais de bola e menos de professora. No final tudo o que eu brinquei tornou-se ou torna-se-á verdade e o que eu não brinquei não terá como brincar mais. A vida cada vez corre mais apressada, mais apertada e a gente fica aí correndo junto com ela, com os joelhos doendo de cansaço, mas temos que continuar correndo, sem descanço, sem parar!

E quando chega a hora de parar, já estamos velhos demais pra fazer aquelas coisas que ficaram pendentes lá na infância. Será? Talvez não! Ainda há tempo! Antes de o véu escuro da morte venha tapar nossos olhos podemos fazer inúmeras coisas! E mais coisas além!

O caso é curtir a vida! Sorrir no momento de sorrir, chorar no momento de chorar, no momento de tirar férias, tire férias de verdade e nos intervalos de uma corrida e outra vá andar de bicicleta! Jogar uma bola! Brincar no barro! Se já fomos crianças um dia, podemos ser de novo! Afinal estamos vivos não estamos?

E quem sabe, quando eu for vovó, eu não tropeço no chão e quebro braço, afinal ainda dá tempo!

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