quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Todas as manhãs.


(texto de 16-05-2008)

Todas as manhãs eu o observo.
E ele me observa também.
Parece que cada um tenta ler o pensamento do outro.

Eu observo-o, tão pequeno e frágil. Imagino o que ele irá pensar daqui uns anos, seus interesses serão outros e seus carrinhos serão trocados por outras coisas, talvez nem tão saudáveis. Imagino se ele sentirá saudades de usar as pequenas luvas que ele brinca, se ele sentira saudades de usar esse casaquinho hiper-colorido, se ele sentirá saudades de estudar na escola que todos os dias tem de ir. Se ele sentirá saudades de mim.

E o que ele pensa sobre mim? Talvez ele pense que eu seja uma louca desvairada que o encara (com ternura) todas as manhãs. Que eu deveria parar de encará-lo, deveria parar de olhar cada movimento que ele faz! Mas não, acho que ele não pensa mal de mim, acho que ele gosta de mim, um dia eu o vi esboçar um sorriso, não de deboche, mas de admiração por eu ter as mesmas atitudes que ele quando não consigui abri o vidro da janela, e ele me ajudou como eu já havia o ajudado. Por alguns segundos não houve diferença de idade, nem de nada, fomos duas crianças ou dois jovens talvez, lutando por um ideal, ajudando um ao outro.

Todas as manhãs ele me observa e eu o observo, eu penso que gostaria de ter um irmãozinho assim, e quem sabe ele até pense o mesmo de mim.

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